No fim das férias eu e Vera fomos
fazer minha matrícula, depois passamos no centro para comprar meus materiais e
as primeiras bibliografias indicadas para o ano letivo. Foi um dia muito
divertido, até Otávio estava mais presente e radiante.
- Nossa caipirinha, você vai mesmo ler esses livros gigantes? – falou.
- É! Rs rs Eu nunca tive problemas com a leitura, só espero que estes
livros não me façam perder o gosto de ler.
Rimos e pela primeira vez parecia que pensávamos a mesma coisa,
passeamos mais, e Vera nos abandonou, pois tinha um encontro com um novo casal
que contratara seus serviços de designe de ambientes e paisagismo. Nós dois
ficamos na praça de alimentação.
- Cléo, posso te fazer uma pergunta, séria mesmo? – eu podia apostar que
Otávio tramava algo.
- Claro que pode se não for nenhuma brincadeira idiota.
- É que eu estava realmente curioso se você vai para a escola usando as
roupas que tem, quer dizer as que costuma a usar sabe?
- Por quê? O que tem de errado com elas? – senti meu rosto pegar fogo.
- É que tipo assim, na boa, minha opinião de homem – estranho, eu não o
enxergava definitivamente como um “homem” e nem percebia que ele tinha opiniões
a meu respeito – essas suas roupas são muito sem graça, não realçam nada em
você, sabe você fica meio invisível nelas.
- Como assim? – eu quis logo saber.
- Sei lá, você é até legal, mas essas roupas não mostram esse seu lado,
fazem você parecer uma simples pessoa deslocada e sem opinião.
Troquei um olhar vago com ele por alguns instantes – foi aí que notei
que ele também tinha os olhos azuis brilhantes e incrivelmente vivos como os de
seu irmão – ele baixou a cabeça e voltou a devorar seu Big Mac enquanto eu me
recuperava do susto. Não somente pelo que ele disse das roupas, mas pelo fato
dele ter dito.
Imaginei-me em minhas roupas e percebi que ele estava certo, na verdade
eu nem me preocupava com essas questões de roupa, pois, no interior o que eu
precisava vestir era algo refrescante que me permitisse desenvolver meus
trabalhos árduos do dia-a-dia.
Foi então que Otávio voltou ao normal.
- Você vai ser a novata pegada para cristo, você vai ver! – e riu de
forma constante e maliciosa.
- Ai, ai, nem me fala, aposto que se você estivesse na minha turma ia
ser o primeiro a me atazanar!
- Na verdade eu estou até com um pouco de ciúme de você sabia? –
perguntou-me.
- Eu?!? –engasguei, literalmente.
- É por que o único que pode te zoar até a morte sou eu, e lá você vai
arrumar pretendentes à minha altura para essa tarefa – apesar da afronta, nem
eu mesmo pude deixar de rir desse comentário.
Voltamos para casa e eu só pensava nisso, depois fiquei tão ocupada com
o fato de ter apenas uma noite para me preparar para aula que parei de me
preocupar com essas bobagens.
Minha tia e, minha mãe ao telefone, se ocuparam em me passar milhares de
orientações, coisas do tipo: “Não vá se envolver em más companhias”, “não
aceite bebidas de estranhos”, “não use drogas”, “não mate aula”, “não tenha
vergonha de tirar suas dúvidas”, “fique de olho em tudo e todos...” Nossa! Até
parecia que eu estava no presinho novamente. Então quando chegou o primeiro dia
de aula eu estava realmente contente por poder sair e ignorar todo o falatório.
Acordei bem cedinho e iniciei meu “ritual” de preparação – agora sim eu
estava realmente apavorada com o fato de não ter o que vestir – acabei
decidindo em ir com meu shortinho surrado, meus tênis incrivelmente empoeirados
e uma blusinha meio transparente de florzinhas. Quando olhei no espelho eu
mesma percebi que minha imagem anunciava a quilômetros “olha a caipirinha, olha
a caipirinha boba passando” senti todos os pêlos do meu corpo se arrepiar de
tensão.
Depois do café da manhã ficou decidido que o Otávio me levaria, pois
marcaria presença e verificaria onde nos encontraríamos na saída, já que ele
estava no terceiro ano que era de manhã e de tarde ele trabalhava. Chegamos
cedo, ele insistia que iria me levar até a sala de aula, mas fiquei me sentindo
extremamente desajeitada e sem graça e, optei por sofrer sozinha.
A escola era enorme, cada prédio correspondia a um ano, as pessoas
passavam apressadamente. Passava gente com cara de assustada – como eu, por
exemplo – outras pessoas reencontravam amigos após as férias, faziam muito
barulho, olhavam com uma cara irônica para os novatos e tratavam de passar a
mensagem “aqui jaz um aluno veterano na escola!” mesmo assim segui meu caminho
até um dos últimos prédios.
No corredor havia um quadro que indicava a turma e o número da sala.
Segui até a sala 1AT1 (1º ano, turma 1 ) cheguei à porta e todos que já estavam
na sala viraram a cabeça assustados para a porta.
- Aqui é a turma do 1º ano? – consegui criar coragem para perguntar.
- É sim! – respondeu uma menina loira, de cara entusiasmada e proporções
corporais mínimas.
Sentei-me ao lado dela nas carteiras do “fundão”, corri o olho pela sala,
havia pessoas de todos os estilos e tamanhos, apenas uma coisa era igual em todos,
a inevitável cara que divulgava, “olha carne nova” no pedaço.
De repente um homem de cabelo grisalho entrou de forma furtiva na sala,
espalhou seus livrões com um estrondo na mesa fazendo com que todo mundo se
assustasse.
- Vocês acham que sabem de alguma coisa da vida? Não sabem é nada, tudo
se aprende aqui e o que não se aprende... Bem isso é que vai “ferrar” você no
futuro – falou num tom assustador.
Eu já comecei a me perguntar o que eu estava fazendo ali, uma onda de
suor invadiu meu corpo – e creio eu o de meus colegas também – quando por fim ele
começou a rir e pediu que abríssemos o livro de biologia no capítulo II.
A aula foi se passando em meio a uma conversação geral, pelo visto ele
estava incentivando a interação da turma, comigo, pois, segundo ele, eu
precisaria entrar em algum grupo de trabalho na sala.
Quando o sinal soou, eu já estava exausta, cansada de responder
perguntas e parecer interessada, embora tivesse conhecido três pessoas
realmente ótimas. Em meu grupo estava a loirinha animada, Carla, um gordinho
muito inteligente e educado chamado Gustavo e uma “musa” de cabelos longos e
cacheados, olhos grandes e um corpo de dar inveja, o nome dela era Morena –
lembro-me de achar engraçado e ter pensado que fosse apelido, mas ela realmente
se chamava Morena Mel de Assis.
Caminhamos em grupo até o refeitório que era dos alunos do primeiro,
segundo e terceiro ano. No caminho parei para ir ao banheiro e fiz a besteira
de dizer aos outro que podiam ir à frente, depois que saí do banheiro segui por
um pátio longo e vazio comecei a andar rapidamente, ouvi um barulho atrás de
mim fui olhando e andando quando de repente “poft” bati de cara no peito de
alguém. Um garoto alto que olhou nos meus olhos como se me analisasse, enquanto
eu perdia o fôlego, ele era indescritivelmente maravilhoso, alto de pele clara,
olhos castanhos, cabelos meio grandes bem ao estilo Inglês, daqueles que a
gente só vê em filmes, em resumo um verdadeiro “Deus Grego” – bom, pelo menos
foi assim que Vera descreveu para mim um homem desse tipo que ela vira no
centro outro dia.
- Um... Novata, bonita, mas sem sal, roupa de quem veio do interior e
sem dúvida louca!
- Bom, não entendi o porquê da louca – me aventurei.
- Mocinha, mocinha, a escola não é um paraíso, é um lugar perigoso também,
onde não se deve andar sozinha, ainda mais nesse pátio. As pessoas aqui são
como vocês costumam a dizer “barra pesada”.
- É então eu acho melhor eu ir andando não é!– falei feito uma boba
assustada.
- Olha, você deu sorte que estou bem receptivo hoje, vou fazer o
seguinte te levo até o refeitório e você nunca mais me dá o trabalho de ter que
te salvar de meus amigos ok?
- Obrigado – sussurrei.
Enquanto eu parecia mais tropeçar do que caminhar, ele andava tão
suavemente que parecia flutuar, mas olhava sempre para os caras que se
precipitavam para levantar fazendo uma cara feia para eles em tom de
reprovação, percebi que depois ele teria que se explicar para os outros.
Ele vestia calças jeans ligeiramente escorregadiças, uma blusa branca
Hering com uma camisa xadrez aberta e de manga dobrada por cima. Eu olhava para
o chão, mas podia perceber que ele ainda me analisava senti meu rosto pegando
fogo e uma vontade louca de correr.
Quando chegamos ao refeitório meus colegas de grupo esperavam com uma
cara tensa e preocupada, ele fez um aceno com a cabeça eu o agradeci.
- Mocinha, como é mesmo seu nome? – quis saber.
- Cléo.
- Então tá, não se esqueça da idéia que eu te dei falou?
- Pode deixar.
E me virei sem si quer ter coragem de abusar da sorte e perguntar seu
nome, quando dei uma olhada rápida para trás ele já tinha desaparecido pelo
pátio. Carla e os outros foram logo querendo saber o que tinha ocorrido, fomos
almoçar e eu emiti o boletim completo ressaltando bem a parte do aviso que ele
me dera, a única coisa que omiti foi que eu fiquei tão ofegante e totalmente
deslumbrada com o “inglês” que até me esqueci do fato de que ele havia dito ser
“barra pesada”.
O pessoal começou a conversar sem parar, e eu embora fosse às vezes
muito falante também, ainda estava sem palavras pelo ocorrido. Estava sonhando
com a possibilidade de reencontrá-lo.
- E então Cléo o que você acha disso? – perguntou-me Morena – Ei, Cléo
você tá bem??? Tá meio distante...
- Ai gente, desculpa! É que eu estava viajando aqui, mas o que mesmo
vocês estavam falando?
- Eu estava contando que algumas mulheres já desapareceram ou sofreram
abuso aqui nos terrenos da faculdade, de época em época sai uma notícia desse
tipo na TV. As pessoas sempre suspeitam que seja um funcionário ou aluno, mas a
questão é que os casos sempre acabam na surdina mesmo – explicou Gustavo.
- É! Bom isso deve querer nos dizer alguma coisa! – falei.
- Como o que, por exemplo? – perguntava-me Carla com enormes olhos
arregalados de medo.
- Que nós não sejamos bobas o suficiente para andarmos por aí sozinha
como fiz hoje! rs rs rs...
O dia passou de forma agradável, conversamos, estudamos e na saída fui
para o ponto de ônibus, pois, não tive como ligar e não encontrei o Otávio no
local que combinamos. Fiquei ali mais de uma hora esperando e nada, foi quando
veio um carro acelerando pra valer e parou no ponto cantando pneu.
- Nossa! Acho que você tem o dom de fazer “cagada” não é mesmo? – era o
“deus grego” que eu conhecera mais cedo.
- Não entendi? Só por que estou no ponto de ônibus? – retruquei.
- Não! Só pelo simples fato de você estar num ponto de ônibus com
horário especial, que só passa até as cinco e meia e agora já passam das seis e
meia da tarde. Bom, acho que é por isso! – falou em tom de zombaria.
- Ai meu Deus! Como e que vou fazer, ninguém me falou nada – comecei a
desesperar.
- Eu acho que você vai ter que passar a noite aí mesmo, e contar com a
sorte para acordar amanhã...
-Tá falando sério??? – agora eu estava realmente desesperada!
- Claro que não! Se quiser eu posso te dar uma carona, mas... Já vou
avisando eu não sei dirigir devagar, sou tipo “piloto de fuga”. Rs
Senti-me hiper nervosa e acabei rindo bastante também, mas achei melhor
aceitar a oferta ou as coisas poderiam ficar meio, muito perigosas. Entrei no
carro e me senti incrivelmente encolhida, o rapaz dirigia descontraidamente e
de maneira realmente veloz – não que eu não estivesse gostando da adrenalina,
mas sentia que precisava me agarrar desesperadamente a algo, tenho que
confessar que o “puta que pariu” sofreu esmagado por mim nesse dia – mas foi
uma experiência única, inenarrável!
- E aí novata parece que você tem mesmo um faro para confusão... Você
veio de onde? – quis saber.
- Vim do interior, de uma cidade chamada Campo Verde – respondi sem
muito entusiasmo.
- Hum e arrumou lugar para ficar aqui?
- Sim, na casa de uma comadre, err quer dizer na casa da minha tia.
- Ah! Entendi, e você veio fazer o segundo grau aqui por que acha que
assim terá uma possibilidade de conseguir uma vaga na faculdade federal, acertei?
-Sim,credo! Como você sabia? Aliás! Eu nem sei seu nome!?
- Por que quer saber tantas coisas? Rs rs rs Estou brincando meu nome é
Cauã e eu sabia por que estou no terceiro ano e tenho colegas que fizeram o
mesmo que você na época.
- Nossa você é meio estranho mesmo e anda com o povo barra pesada –
aquele comentário ridículo tinha saído da minha boca sem que eu percebesse.
- Então você acha que sou maconheiro, louco ou tarado? Acho que você não
devia ter pegado carona comigo então!
- Ai! Desculpa não foi isso que eu quis dizer! Ah deixa pra lá, sou
muito desastrada em meus comentários...
- Bom, vamos deixar assim eu sou o pirado e você é a santinha ok?
- Por que santinha?
- Você num tem espelho em casa não Cléo? Dá quase para ver a auréola na
sua cabeça!
Nesse instante já íamos passando direto pela casa de Vera quando me dei
conta e pedi para que ele parasse, pois havíamos chegado. Otávio já ia saindo
para pegar o carro com cara de preocupado e afobado, ele ficou olhando o carro
para ver se me via e veio caminhando devagar. Cauã viu e fez cara de quem não
entendia nada.
- Hum... Por que você não avisou seu namoradinho que tinha perdido o
ônibus?
- Que? – engasguei – tá louco? Ele é meio que meu primo, e estou morando
na casa dele, a minha tia deve ter torturado ele por que eu estava demorando
muito.
- Ah só! De qualquer jeito não quero dar satisfação a moleques, então
falou pra você...
Otávio parou na porta do carro e bateu de leve no vidro. Eu abri a porta
meio sem graça.
- Boa noite Cléo, tá tudo bem aí? – perguntou olhando para dentro do
carro.
- Tá tudo de boa garoto, foi só uma carona! – o Cauã respondeu por mim.
Empurrei de leve o Otávio e
soltei um muito obrigado meio torto para o Cauã, bati a porta do carro e tive
de encarar a estátua que estava bem na minha frente enquanto o carro saia
cantando pneus. Otávio me metralhava com seus olhos azuis penetrantes, corei o
rosto.
- Eu perdi o ônibus, não sabia que passava em horário especial.
- Aqui você não me deve satisfações, não ligo pro que acontece ou deixa
de acontecer com você, mas como eu te levei pra escola pensei que se você
sumisse seria culpa minha. Você deu sorte que minha mãe não tá em casa senão
ela tinha ficado louca... Mas tenho uma idéia pra te dar, não sei o que passa
na sua cabeça, mas aqui não é como no interior e os caras não são bobos,
principalmente os que têm a pinta como a desse que te deu carona. Vê se não dá
vacilo!
Nem tive o que responder ele realmente tava pirado comigo, saiu pisando
duro passou pela porta e a deixou entreaberta. Passei pela soleira me sentindo
péssima, eu não podia começar as coisas assim, por mais que não gostava dele eu
fui errada.
Enfiei a cara no chuveiro sem pensar em nada, acabei o banho e me senti
mais leve, já estava decidida em contar o que houve para tia Vera quando
passava pela porta do quarto que eu nem sabia que era do Otávio e ele me
chamou.
Seu quarto era muito legal, todo num tom de azul forte com um grafite em
uma parede inteira com o desenho de seu time predileto – imaginei que fosse o
mesmo no qual seu irmão jogava – o espaço era amplo cheio de coisas legais e
por incrível que pareça muitos livros e parafernálias de musica.
- Aqui menina, foi mal ter apelado com você antes, eu não quis dizer que
não me importo com você mesmo. É que você é muito inocente e os caras aqui são
muito sem noção.
- Na verdade eu que te devo desculpas, mas é que eu não sabia do ônibus
e também não tinha como ligar.
- Mas você não tem o número daqui de casa e dos nossos celulares?
- É que eu não tenho celular e fiquei sem graça de comentar com sua mãe
que eu tava sem dinheiro até pra comprar um cartão telefônico – expliquei a
Otávio muitíssimo sem graça, não queria compartilhar meus apertos com ninguém
para não preocupá-los.
- Nossa! Por que você não falou nada?
- O pessoal lá de casa não sabe que eu estou sem dinheiro e ainda vou
começar a procurar um emprego aqui e eu não quero preocupá-los, por isso não
falei nada pra eles e nem pro pessoal da sua casa.
- Ou! Que isso, você devia ter falado! Bom, eu tenho um colega que tem
um irmão que é coordenador administrativo lá na escola, se você quiser posso
tentar arrumar um bico pra você lá.
- Nossa Otávio, eu to até sem palavras – corri e o abracei.
Nessa hora Vera apareceu na porta do quarto e nós dois nos largamos com
cara de bobos sem graça.
- Que milagre é esse? Vocês não eram arque rivais até hoje na hora do
café da manhã? – quis saber.
- É que eu tenho que te contar o que aconteceu hoje – falei com intenção
de me explicar pelo que ocorrera mais cedo.
- E o que aconteceu de tão importante?
- É que a Cléo perdeu o ônibus e nós nos desencontramos por que eu tinha
trocar uma idéia com meus colegas, mas consegui achar ela no ponto, aí eu Tava
justamente falando que se ela quiser eu posso pegar ela todo dia depois do
serviço, eu saio a tempo e passo lá em frente mesmo – se apressou em responder,
Otávio.
Vera olhou para mim esperando uma resposta e Otávio deu um piscadinha,
aí eu entendi na hora e resolvi confirmar sua versão da história.
- Que bom para os dois! Lucas vai ficar contente em saber, ele estava
realmente preocupado com você sozinha por aí Cléo – falou tia Vera – E agora
vamos todos descer para jantar, pois vocês dois estão com uma cara de fome que
está dando dó!
Depois desse dia o tempo foi passando sem nada de excepcional, na escola
fui fazendo mais amizade com o grupo do primeiro dia e via de vez em quando
Cauã passar e apenas acenar com a cabeça de leve, eu estava tão constrangida
pelo incidente do outro dia que nem ousei procurá-lo além do mais, Otávio me
buscava todos os dias depois da aula, nossos diálogos ainda se limitavam a
piadinhas sem graça e a ficarmos ouvindo música na volta para casa. Quanto ao
estágio, Otávio mexeu seus pauzinhos e no início do próximo mês sairia uma vaga
no achados e perdidos.
Otávio falou que era um serviço meio ruim, as pessoas costumavam pegar
no pé de que trabalhava lá, mas... Já estava acostumada a ser zoada e como a
situação estava preta é lógico que fiquei muito grata pela vaga.